segunda-feira, 14 de julho de 2014

Secas e Enchentes

Aquecimento global afeta padrões de chuvas pelo planeta 
Regiões podem sofrer com estiagens mais longas e destrutivas

O aquecimento global é uma realidade que já afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Um das principais efeitos do fenônemo é a alteração nos padrões de precipitação; ou seja, enquanto algumas regiões sofrerão com chuvas mais intensas, outras serão atingidas por secas mais longas e mais destrutivas. No Brasil, explica o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos quatro brasileiros membros do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), as alterações no regime de chuvas vão atingir principalmente a regiões Amazônica e o sul do país.
 
– Nós vamos observar, e já estamos observando, efeitos importantes na alteração no padrão de precipitação no globo como um todo, inclusive no Brasil. Alguns lugares onde hoje chove pouco, terão mais chuvas, como no caso do sul do Brasil, onde a previsão é de aumento da precipitação. Já no caso do nordeste da Amazônia, a previsão é de redução da taxa de precipitação.
 
Artaxo prevê uma alteração inclusive no perfil da Região Amazônica. Além das secas – em 2005, a Amazônia enfrentou uma das piores estiagens da história, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – possíveis mudanças no regime de chuvas podem provocar perdas na biodiversidade, com o desaparecimento de algumas espécies e a reorganização de todo o ecossistema da floresta. Dessa forma, a Amazônia deixaria de ser uma floresta chuvosa e caminharia lentamente para tornar-se um cerrado.
 
Uma pesquisa da organização não-governamental WWF indica que o aumento de temperatura na região Amazônica aliado à redução do regime de chuvas pode comprometer a umidade na região e transformar em cerrado de 30 a 60% da floresta. A previsão é que até 2050 a temperatura na Amazônia aumente entre 2ºC e 3ºC. Para o Nordeste, a previsão também não é das melhores. Um estudo encomendado pelo Greenpeace alerta que a região semi-árida brasileira pode se transformar em deserto até o final do século 21. 
 
Em um efeito cascata, um panorama cada vez mais extremo de secas e enchentes afetará diversos ramos da atividade humana: a agricultura será prejudicada em função do novo perfil climático e de impactos na fertilidade dos solos, doenças infecciosas como dengue e malária poderão se alastrar com mais facilidade e será preciso planejar melhor as cidades litorâneas, cada vez mais passíveis de inundações e furacões (inclusive em lugares como o Brasil). Além disso, a força destrutiva dos eventos naturais ligados à água só cresce nos últimos anos: de acordo com o Inpe, entre 1992 e 2001, as perdas com desastres hidrometeorológicos foram estimadas em US$ 446 bilhões, o que representou 65% das perdas totais das atividades produtivas.
 
Outro fenômeno que assusta ambientalistas e autoridades é o processo de desertificação, definido como a perda da capacidade produtiva de ecossistemas causada pela atividade humana. O semi-árido nordestino e o sudoeste gaúcho são exemplos brasileiros de desertificação. A preocupação com o tema é tanta que a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou 2006 como o Ano Internacional do Combate à Desertificação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mapas Mentais para Vestibular e ENEM 2