Somente ato de plantar mais exemplares não resolveria problema do aquecimento
No
caso das florestas, a ação humana pode, basicamente, ter dois efeitos
nocivos. O primeiro é a produção de gases, como o CO2 pela queimada de
áreas para outras utilizações (como a agrícola), ou o metano na
decomposição de matéria vegetal morta pelo desmatamento. Mas o desmatamento tem ainda um outro agravante, porque as árvores cortadas deixam de fazer a captura de CO2, essencial no processo de fotossíntese das plantas. Assim, diminuem os agentes controladores de CO2 na atmosfera. O coordenador do Curso de Meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), professor Otávio Acevedo, salienta que o processo de fotossíntese é exatamente o inverso do da queima dos hidrocarbonetos: enquanto esse último absorve oxigênio (O2), liberando gás carbônico, o primeiro captura o CO2 da atmosfera e produz moléculas de O2. Já o professor Jefferson Cardia Simões, do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas (Nupac), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), alerta que as coisas não são bem assim. Ele explica que as florestas estão em equilíbrio, e a crença de que elas são o pulmão do mundo é um conceito ultrapassado. Na verdade, de acordo com ele, se durante o dia as florestas capturam CO2 e liberam oxigênio, à noite elas revertem o processo, repondo o CO2 na atmosfera. Ambos os professores concordam, no entanto, que o simples ato de plantar árvores não resolverá os problemas. Acevedo defende que o plantio até poderia ser uma solução, mas certamente teria por conseqüência a mudança dos ecossistemas como conhecemos. Essa alteração, destaca, poderia ser boa ou ruim, o que não haveria como prever. Para ele, o valor de se plantar uma árvore tem mais a ver com a questão da conscientização. Cardia Simões, por sua vez, é mais contundente, e diz que o plantio de árvores, além de não resolver, acaba sendo um "paliativo bobo que desvia a atenção de questões realmente importante". |
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