Terra teria esquentado só metade do que há para aquecer
Oceanos seriam responsáveis por barrar elevação da temperatura
O
coordenador do Curso de Meteorologia da Universidade Federal de Santa
Maria, professor Otávio Acevedo, é categórico: mesmo que a produção de
gases estufa fosse freada imediatamente, o relatório do IPCC projeta que
a Terra continuaria aquecendo 0,5Cº nos próximos 20 anos até se
ajustar. Segundo ele, artigos sugerem que o planeta ainda não aqueceu
tudo que teria para aquecer em função do CO2 liberado desde o início da
Revolução Industrial, e que o aumento da temperatura registrado até
agora corresponderia apenas a metade do que ainda há para esquentar. Os
oceanos teriam papel fundamental nesse processo, porque reagem de forma
diversa à atmosfera – no fundo, leva mais tempo para o aquecimento ser
sentido. Projeções catastróficas ou apocalípticas, no entanto, são um exagero na opinião do pesquisador do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas (Nupac), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Jefferson Cardia Simões. Mas ele alerta que um aumento acentuado na temperatura deverá provocar derretimento do gelo nos pólos, com conseqüente aumento no nível dos oceanos. Com isso, biomas costeiros seriam afetados de forma imprevisível e estruturas portuárias e cidades litorâneas poderiam sumir do mapa. As correntes marítimas – fundamentais para o clima da Terra – podem ser afetadas. Associadas a alterações na circulação geral do planeta, essas mudanças podem provocar efeitos inesperados, como tempestades e furacões em lugares nos quais não são comuns, surgimento de desertos em áreas inimagináveis ou aumento da extensão dos desertos já existentes. Como resultado, espécies vegetais e animais podem ser extintas, ou ter seus hábitos alterados. A trasformação no clima poderá afetar a agricultura, ocasionando redução na produção e até a falta de alimentos. O pesquisadoro do Nupac também lembra que, em altas temperaturas, a evaporação tende a ser maior, aumentando a concentração de vapor d'água – outro dos gases estufa. Além disso, aumentaria o número de nuvens; mas, nesse caso, ele lembra que – embora não se sabia muito sobre o papel dominante na reflexão das nuvens – acredita-se que elas tenham uma função de resfriamento do planeta. Apesar de maior evaporação significar menos água líquida no planeta, Acevedo não acredita que isso afetaria a oferta de água potável. O ponto a ser observado, segundo ele, é que um clima mais quente pressupõe maior consumo de água, o que intensificaria a procura. |
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