terça-feira, 3 de setembro de 2019

Resumo sobre a Teoria Sintética da Evolução



A partir de meados do século XIX Charles Darwin sistematizou diversos conceitos que já estavam sendo discutidos na época sobre a evolução das espécies (MAYR, 1998) e conseguiu elaborar de forma satisfatória uma teoria que explicava a diversificação das espécies e suas adaptações.

Entretanto, um dos aspectos que Darwin não conseguiu explicar foi como as variações surgiam e como ocorria a transmissão das características aos descendentes. Estas lacunas foram suprimidas com a redescoberta dos trabalhos de Mendel que mostravam como é possível prever as características da prole, a partir de elementos que eram responsáveis por guardar as informações dos indivíduos. Outra importante descoberta foi a da estrutura físicoquímica do material genético, em 1953.

Essas descobertas permitiram não só caracterizar as fontes de variação, que são as mutações ao acaso, mas também que a replicação do material genético permite a transmissão das características aos descendentes. Todo esse contexto contribuiu para uma melhor integração dos conceitos de Darwin, com os avanços na área de genética e de biologia molecular, formando o que chamamos de Teoria Sintética da Evolução (MAYR, 1998).

Como conceituação geral da Teoria Evolutiva, usaremos a proposta de Mayr (1998). Este zoólogo, historiador e filósofo da biologia, que foi um dos autores da síntese da moderna teoria evolutiva, sugere que a teoria de Darwin é um sistema conceitual composto por cinco proposições, que integradas explicam a diversificação das espécies ao longo do tempo. Estas proposições seriam:

• Teoria da evolução como fato – a partir de diversos trabalhos ao longo dos últimos 150 anos, que mostram evidências esmagadoras do processo de diversificação e adaptação das espécies, a evolução dos seres vivos não é mais considerada uma teoria e sim um fato
(MAYR, 1998);

• Gradualismo – a diversificação das espécies não ocorreu de forma brusca e sim de forma lenta e gradual, em que pequenas variações foram sendo selecionadas em função de alterarem o valor adaptativo de determinadas características, sendo então estabelecidas na população (MAYR, 1998; DARWIN, 2002).

• Origem comum – as espécies atuais são descendentes modificadas de alguma espécie ancestral, o que indica a origem comum de todos os seres vivos a partir de uma ancestral que viveu há mais de três bilhões de anos (MAYR, 1998; DARWIN, 2002).

• Especiação populacional – a existência de variações dentro de uma população permite que a mesma se divida em duas e dê origem a novas espécies que irão se modificar ao longo do tempo de forma independente (MAYR, 1998; DARWIN, 2002).

• Seleção Natural - A Seleção Natural é o processo que atua selecionando as pequenas variações entre os indivíduos de uma população. Os indivíduos que possuem características que favoreçam sua sobrevivência e, com isso, consigam chegar à idade reprodutiva, têm maior probabilidade de passarem essas características aos descendentes. A Seleção Natural opera a partir de dois eventos independentes: a variação e a seleção. As variações individuais surgem ao acaso, a partir das recombinações genéticas, do fluxo genético entre populações, de fatores casuais e/ou mutações; já a seleção é a taxa de sobrevivência diferenciada. Neste sentido, a competição entre os indivíduos e a sobrevivência diferenciada ao longo das gerações levam à diversificação das espécies ao longo do tempo (DARWIN, 2002; MAYR, 1998).

É importante destacar que nesta síntese feita por Mayr (1998) não está um importante conceito desenvolvido por Darwin e que contribui para explicar de forma ainda mais satisfatória a biodiversidade existente, que é o conceito de Seleção Sexual.

Quando Darwin desenvolveu o conceito de Seleção Natural, destacou que diversas características o intrigavam, como o colorido de certos insetos e aves, a galhada de alces, o canto de pássaros, a intrigante cauda de pavão, dentre outras, pois eram características que claramente não favoreciam a sobrevivência imediata.

Já em A origem das espécies (DARWIN, 2002) e depois em A origem do homem e a seleção sexual (DARWIN, 2004), Darwin desenvolve o conceito de Seleção Sexual e, a partir de diversos exemplos, indica que as características extravagantes estariam relacionadas com o sucesso reprodutivo. Além disso, sugere que estão relacionadas com a disputa entre machos por fêmeas ou com a escolha das fêmeas ao selecionar seu(s) parceiro(s) reprodutivo(s) (DARWIN, 2004).

Uma vez que a seleção natural opera com as características que estão diretamente relacionadas com a sobrevivência no meio ambiente e a seleção sexual está relacionada com o sucesso reprodutivo, é necessário que ocorra um equilíbrio entre as duas, sob o risco, caso contrário, de extinção da espécie.

Referências
DARWIN, C. A origem das espécies. 4. ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2002.
__________ A origem do homem e a seleção sexual. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2004.
MAYR, E. O desenvolvimento do pensamento biológico. Brasília: EdunB, 1998.

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