segunda-feira, 28 de julho de 2014

Chineses penduram bacon na janela para que sejam defumados pela poluição das ruas


A técnica, no mínimo inusitada, mostra como é grave o problema da poluição no país.
Os moradores encontraram uma maneira de usar, de alguma forma, a grande poluição que assola a China. A prática ocorre com frequência em Wuhan, na província de Hubei.
Na imagem é possível ver diversas tiras de bacon penduras na parte externa da janela dos apartamentos. Wuhan é conhecida em todo o mundo por ser gravemente afetada pela poluição. Ela está entre as cidades com os piores níveis de qualidade do ar do país e do mundo.
Em muitos locais, existe até mesmo a dificuldade de ver o nascer do Sol. É importante ressaltar que a prática pode provocar inúmeros problemas de saúde pelo acúmulo de fuligem e substâncias tóxicas.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Cientistas conseguem “deletar”, pela primeira vez, o HIV das células humanas usando técnica revolucionária


Uma vez que o vírus HIV invade uma célula humana, ele ficará lá para sempre, inserindo seu genoma mortal de forma definitiva, obrigando suas vítimas a tomarem medicamentos por toda a vida. 

Porém, pela primeira vez, pesquisadores da Filadélfia, nos EUA, descobriram uma maneira de retirar o HIV de forma completa das células humanas.
A equipe da Escola de Medicina da Universidade de Temple disse que a descoberta é a primeira tentativa bem sucedida de eliminar vírus HIV-1 latentes em células humanas.
"Este é um passo importante no caminho para uma cura permanente para a Aids", disse Kamel Khalili, PhD, professor e presidente do Departamento de Neurociência da Temple. "É uma descoberta excitante, mas ainda não está pronta para ser colocada em prática. É apenas um conceito que estamos tentando manter na direção correta ", explicou.
 

Em um estudo publicado pela revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, o Dr. Khalili e sua equipe detalham como eles criaram ferramentas moleculares para excluir o DNA pró-viral do HIV-1, através da remoção total do vírus. “Uma vez que o HIV-1 não é eliminado pelo sistema imunitário, a remoção do vírus é necessária, a fim de curar a doença”, explica o Dr. Khalili.

Estas ferramentas moleculares também podem servir como vacinas terapêuticas. No mundo todo, mais de 33 milhões de pessoas têm HIV, sendo mais de 1 milhão apenas nos Estados Unidos.
Todos os anos, mais de 50.000 norte-americanos contraem o vírus, de acordo com os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças. No Reino Unido, cerca de 100.000 pessoas viviam com HIV em 2013. Isso é, aproximadamente, uma pessoa em cada 665.
Embora a terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART), desenvolvida nos últimos 15 anos, possa controlar o HIV-1 em pessoas infectadas, o vírus pode atacar novamente com qualquer interrupção no tratamento.
"O baixo nível de replicação do HIV-1 torna os pacientes mais propensos a sofrer de doenças normalmente associadas ao envelhecimento", disse o Dr. Khalili. Isso inclui a cardiomiopatia - um enfraquecimento do músculo do coração -, problemas ósseos, renais e distúrbios cognitivos. "Estes problemas são muitas vezes agravados pelas drogas tóxicas que devem ser tomadas para controlar o vírus," acrescentou.
O laboratório do Dr. Khalili desenvolveu uma cadeia de 20 nucleotídeos de gRNA para alvejar o DNA do HIV-1. Ele é emparelhado com uma enzima chamada Cas9, utilizada para alterar o genoma humano.
"Estamos trabalhando em uma série de estratégias para que possamos levar a construção em estudos pré-clínicos. Queremos erradicar cada cópia única de HIV-1 do paciente. Isso seria a cura da AIDS”, explica o pesquisador, empolgado com uma possível descoberta que mudaria o mundo.

Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / DailyMail

terça-feira, 15 de julho de 2014

Entenda o que causa os coágulos de sangue durante a menstruação


Barriga
Barriga Foto: Agência O Globo
Luiza toschi
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Sangue escuro, fluxo intenso, irregular ou muito longo. Observar os padrões e mudanças no ciclo menstrual pode ajudar no reconhecimento de sinais da saúde da mulher. Uma das alterações mais comuns, a presença de grandes coágulos na menstruação deve ser sinal de alarme. Além de ser normalmente acompanhado por cólicas intensas, os coágulos sinalizam um sangramento além da média e podem ser um sintoma para distúrbios hormonais ou orgânicos no sistema reprodutor.
— O sangramento excessivo aumenta as chances de desenvolver processos de anemia e pode ser provocado por distúrbios hormonais ou por causas orgânicas, como miomas, alterações anatômicas ou inflamações ou infecções dentro do útero — explica o ginecologista Luiz Gustavo de Oliveira Bueno, membro da diretoria da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ).
O médico define que o período menstrual é um momento de limpeza do útero, que é preparado mensalmente para receber a gravidez e precisa se renovar para o próximo ciclo. Sob o ponto de vista teórico, o sangramento deveria ser em torno de 80 ml de um sangue claro e ativo. O sangue escuro demonstra que houve acúmulo e demora para que o organismo expulsasse este conteúdo.
— Esta situação não necessariamente é motivo para alarme, mas deve ser observada como padrão e sugere que se faça exames para a investigação de causas graves, ou se é apenas o normal do fluxo da mulher — indica o médico.
Veja situações que podem estar relacionadas com a coagulação do sangue menstrual segundo Dr Luiz Gustavo
Mulheres jovens
Mulheres no inicio dos períodos menstruais, não devem se alarmar com coágulos que apareçam às vezes em sua menstruação. As jovens têm os hormônios ainda muito desregulados e por isso o fluxo ainda não está estabilizado e pode sofrer com excesso de cólicas e surpresas na aparência do sangue.
Menopausa
Mulheres que se aproximam da menopausa podem sofrer com os distúrbios hormonais anos antes do fim dos períodos menstruais. Um dos sintomas comum nesse momento da vida é também a possível coagulação do sangue no útero.
Mudanças no ciclo
Mulheres com volume menstrual aumentado têm o organismo acostumado a sangrar a mais do que a médiam, por isso podem estar acostumadas a ver os coágulos com frequência. As mulheres que tem o fluxo regular e curto e de repente veem coágulos no sangue menstrual devem procurar um especialista.
Aborto espontâneo
A coagulação do sangue do útero é uma das principais causas para abortos espontâneos de repetição. Observar e cuidar dessa tendência em mulheres é uma maneira de evitar problemas em uma futura gravidez.

Não. Ela não é uma "comedora de placenta". Ela é mais uma vítima da violência obstétrica que mutila mulheres no Brasil.




Foi assim que a experiência traumática de parto de uma mulher (uma das mais traumáticas que já li ou ouvi) foi relatada e divulgada pela mídia. Uma mulher reduzida a "surtada comedora de placenta".
O relato e divulgação do caso, nesses termos, no entanto, somente aconteceram após o médico que a atendeu, Iaperi Araújo, ter se referido de maneira degradante, humilhante e ridicularizante à parturiente em sua página na rede social.
Você deve ter ouvido falar sobre esse caso. Aconteceu em Natal, no dia 02 de julho, mas a mídia somente começou seu freak show após a postagem do obstetra. Ex-obstetra, corrijo-me. Porque ele decidiu parar de praticar a obstetrícia.
Pois bem.
Em uma das matérias que menciono acima, há uma entrevista com ele, que conta, sob seu viés, o que considera ter acontecido.
Eu, que estudo a violência obstétrica e as práticas que a constituem, somente lendo sua entrevista (e os prints de sua publicação na rede social), pude identificar o que aconteceu, a motivação, a luta dessa mulher contra a separação mãe-bebê, o preconceito, a desinformação, a má prática, a luta contra a medicalização e a violência institucional e muitos outros pontos que nos dão uma visão aproximada de algo que acontece, infelizmente, ainda muito pouco: a reivindicação explícita dos direitos das mulheres no parto e contra a violência obstétrica. Mas acontece que encontrar mulheres suficientemente empoderadas para tal é evento tão raro que, quando acontece, elas são ridicularizadas e expostas pela mídia como "surtadas", "comedoras de placenta" ou "irresponsáveis que colocam a vida dos filhos em risco e precisam de medidas legais que as acuem e as obriguem a uma cesárea contra sua vontade", como aconteceu com Adelir Carmem Lemos de Góes, em abril deste ano.

Como a mim não interessa outra voz além da dessas mulheres - entre as quais também me incluo - abaixo você vai ler o relato da própria parturiente. Hoje uma mulher vivendo um puerpério extremamente difícil, vítima de bullying, ridicularizada e perseguida em sua própria cidade, cruelmente exposta por uma equipe de saúde e por uma mídia sensacionalista barata.
E por que?
Porque lutou com todas as forças que tinha, e após ser humilhada, ridicularizada e vitimada pela violência obstétrica, que faz centenas de novas vítimas todos os dias, para que não a separassem de seu filho.

Esse é o relato dela.
Absolutamente chocante.
E vai continuar acontecendo. Todos os dias. Com centenas de mulheres.
Até que tenhamos medidas concretas para coibir e punir a má prática que faz, todos os dias, novas vítimas.
Olhe para seu país. Olhe para suas mulheres.
Há violência, mutilação e horror aqui mesmo.
E encarada como normal, ou rotina.


"Sou um animal ferido, que volta destroçado e ensanguentado para o seu ninho, após sobreviver a uma tentativa quase eficaz de abate. Sou um mamífero em apuros, com sua cria no colo, chorando pelo pouco leite que sai das tetas de sua genitora. Eu. Que assustada me escondo de tudo e de todos, pois apesar de ter sobrevivido ao abate, sou agora açoitada e perseguida por meus iguais, mamíferos de mesma ordem, agora robotizados e produzidos por algum processo estranho e sintético, alheio ao processo natural de continuação da espécie, não conhecem o amor, nem o nascimento, nem a maternidade. 
[...] 
É incrível como na minha cabeça o desenrolar dos fatos e das emoções está cada vez mais claro, nítido, e é cada vez mais surreal a ideia de conseguir escrevê-lo. 
[...] 
Os flashes não me permitem dormir. O cansaço é infinito, as dores no corpo também são. Meus músculos que aos pouco se recuperam dos últimos dois dias sem dormir, juntamente com o cansaço provocado pelos momentos de tortura no hospital, meus músculos doem, doem tanto que parece que jamais vão sarar. Mas o que me dói mesmo é um canto do meu ser que não sei onde fica, não sei o que é. Sinto apenas uma sensação de vazio na existência. Uma espécie de “rombo” no meu existir, no meu ser, e que me anula por completo, me derruba como nem os meus torturadores conseguiram durante aquelas três horas e meia na sala de parto do Hospital Papi. Penso que o abate moral é um limiar entre eu me suicidar e continuar existindo, me rastejando. Fui abatida? Será que morri? Mataram-me e continuei viva, pelo meu filho que precisava ouvir as batidas do meu coração e foi arrancado violentamente de mim pelas mãos de quem desdenhava de um animal ferido cujo sangue jorrava aos montes, preso a uma mesa da qual não podia sair, pois estavam-lhe arrancando o resto de parto, de vida, que havia nela, sua placenta, tracionada e arrancada brutalmente pelas mãos do obstetra que me atendeu na urgência do hospital. Foi um verdadeiro espetáculo para quem assistiu. Pena que não foi ficção, e alguém ali estava sendo  humilhada, moralmente assassinada, fisicamente mutilada, destroçada. Se me mataram, fui então um cadáver vilipendiado. 
[...] 
Finalmente, exatamente dez dias após o nascimento do meu filhote, estou cá, sentada de frente ao computador, decidida a relatar o que me aconteceu. Foram dez dias de repouso e fortalecimento, mesmo com todas as críticas, com todos os comentários atrozes e as reportagens na mídia me deplorando. Fui chamada de louca, psicopata, disseram que deveriam tirar meu filho de mim (e então ter-me-iam arrancado tudo que restava, e de mim nada mais haveria além de um bolo de carne com um coração pulsante, quando então já não haveria mais o limiar do abate moral, eu já estaria morta). Foram dez dias também de intensificação de todo o sofrimento que me açoita, pois agora eu tenho de lidar com inúmeros telefonemas, mensagens, pessoas perguntando umas às outras se o absurdo da mulher que teria comido placenta, agredido médico e corrido nua por aí tinha sido eu. Infelizmente não comi minha placenta, ainda, pois ainda não tive coragem para encará-la, pegar nela, senti-la, tão cheia de mim, da minha cria, e das emoções que vivenciamos durante nove meses, e nos últimos momentos do meu bebê dentro de mim. Infelizmente também não corri nua, precisei perder alguns minutos me vestindo com roupas sujas e ensanguentadas, pois até panos limpos me foram negados. Pensando bem, eu estava com muito frio, a hemorragia incontida me enfraquecia cada vez mais, acho que foi instintivo parar para me aquecer com aquelas roupas, ainda que sujas e ensanguentadas, aliás, sangue não faria diferença, pois depois que levaram meu filho de mim injustificadamente e manifestamente contra minha vontade para o berçário para lavá-lo com sabão, tirar o vernix protetivo e embrulha-lo com fraldas descartáveis e aquecê-lo artificialmente, desdenhando de meu clamor para tê-lo em meus braços, depois disso eu devo ter lavado com meu sangue o rol da frente do berçário. Perdoe-me quem estiver lendo, os fatos vão e vem, não sei se consigo seguir uma ordem cronológica muito precisa. E por fim, infelizmente não agredi o obstetra. E sequer posso mencionar publicamente o que se passa na minha mente, nesse sentido, por dois motivos: primeiro, eu seria processada, julgada e condenada muito facilmente por algum tipo penal como ameaça, por exemplo. O judiciário não tem pena de foder com quem já está fodido. Segundo, não tenho energias para gastar com isso, preciso me concentrar no meu filhote, que precisa de mim. Se minhas tentativas de afirmar minha autonomia e meu direito de escolha que foram sistematicamente tolhidos e aniquilados durante todo o meu atendimento naquele dia 02 de julho de 2014, se foram agressões, talvez eu o tenha agredido. E ainda assim digo isso em tom de ironia. Imagino que se as minhas tentativas de sobreviver ao massacre foram agressões, o que foi o massacre que me ocorreu naquela sala de parto? Será que um médico famoso de Natal, professor da universidade federal do RN, conhecedor de muitos juízes, promotores, respaldado pelo corporativismo médico, judiciário e elitista da região, será que ele seria sequer processado? Ou algum juiz amigo dele sentaria em cima do processo, ou mesmo enterraria o processo no quintal de casa? O que me resta é escrever um relato. É o substrato da violência patriarcal, machista, corporativista e medicalocêntrica que nos encarcera nesse projeto de civilidade que se nos impõe, rouba de nós mulheres a autonomia, a força, o parto, o nascimento e a maternidade. Uma mulher que pari e sabe a força animal que tem em si é uma grande ameaça a esse sistema, não é mesmo? 
[...] 
Cheguei no hospital por volta das 20h30... Eu estava a mais de 36 horas em trabalho de parto ativo, bolsa íntegra. Quando subi para o atendimento, ouvi um velho grosseiro me gritando: “Por que não fez pré-natal??”. Eu respondi: "Primeiro, eu fiz pré-natal, mas não trouxe nada comigo, e segundo, o senhor não precisa falar assim comigo, viu?". Ele respondeu que estava falando em tom normal, que não tinha nada a ver, e saiu sorrindo. Eu havia feito todos os exames de sangue, ultrassons, inclusive no dia 01 de julho eu havia feito uma ultra cujo diagnóstico foi excelente, meu líquido estava bom, o bebê encaixado, saudável, maduro. Quando meu pai chegou na sala de atendimento o obstetra foi logo dizendo que não ia me atender, que se precisasse fazer alguma coisa ele não ia fazer, porque estava sozinho, e assim, manifestamente e na presença de todos que comigo estavam, me violentou pela primeira vez, negando-me atendimento. Pedi a meu pai que fossemos embora, pois a coisa não ia funcionar daquele jeito. Mas ele não concordou, estava muito apreensivo, e cansado. Resolvi ficar. Não sabia que estava naquele momento assinando minha sentença de morte. Eu tinha ouvido que 
eu iria pro quarto. Pensei: tudo bem, eu vou parir no quarto, deve estar pertinho e eu só preciso de um quarto. Mas não tinha leito no Papi, e não me encaminharam para outro hospital. Eu deveria ficar ali mesmo, esperando. Foi então quando o doutor resolveu me examinar. Essa violência foi um pouco mais dolorosa. Ele fez um toque, rompeu minha membrana, gritei de dor. Sua mão saiu de dentro de mim lavada com meu sangue e um pouco da minha integridade, que aos poucos ele terminaria de arrancar de mim nas três horas e meia seguintes. Pedi para ficar nua, e me foi dito que eu não poderia ficar nua, pois naquele hospital eu deveria seguir os protocolos. Consegui ficar apenas com a bata cobrindo-me os peitos. Aceitei a analgesia. Não sabia eu que ali estava o ápice da dominação do meu ser, pois sem sentir as pernas eu não poderia me defender, sair andando, correndo, não poderia mais fugir do massacre, eu me tornaria um animal indefeso. Foram chamar o anestesista. Entre uma 
contração e outra, que já estavam vindo de minuto em minuto e cada vez mais forte, gritei: 
"Cadê o filha da puta do anestesista?". No meu tempo ele já estava demorando muito, eu já estava desesperada, e aquilo era meu grito de socorro. Então, ironizando e debochando de mim, o doutor gritou: "Chamem aí o filha da puta do anestesista!". A cada segundo que se passava eu percebia mais o quanto aquilo estava fadado a não dar certo, o cara era um estúpido, e não economizava seus deboches e suas grosserias. Quando ele chegou fui para a sala de parto, onde estava a mesa de parto, o aparato onde eu estaria sendo torturada pelas próximas três horas e meia. Devia ter cerca de um metro de comprimento, por uns 70cm de largura. Imagino que se eu fosse mais larga eu teria me espremido entre os ferros. O anestesista me disse para sentar com os ombros curvados, pedi então que ele aproveitasse 
entre uma contração e outra, pois eu não conseguiria ficar parada naquela posição durante uma contração. Eu pedia para ele ir logo, mas ele estava muito ocupado falando ao celular
Depois disso eu tive que deitar em posição de exame ginecológico, a posição da dominação. Eu 
estava completamente dominada. Perguntei se poderia ficar em outra posição, de quatro, por 
exemplo, ou de lado, pois me aliviava a dor, e isso me foi de pronto rebatido com “NÃO” por 
todos os lados. Eu deveria ficar quieta, segurando em dois ferrinhos que tem do lado das pernas na cadeira de parto. Eu não podia sequer por as mãos nas minhas pernas, aliás, minhas tentativas foram todas frustradas, eu teria repetidamente minhas mãos encaminhadas de volta aos ferros da cadeira. Estavam comigo meu pai e Daniel, um amigo clínico geral que havia ido conosco ao hospital. Me diziam para fazer força, empurravam minha barriga, eu fazia força até sentir que ia vomitar. A orientação era essa: quando você achar que não vai aguentar e vai vomitar, pare. O anestesista pressionava meu estômago com seu polegar, era fatal. Vomitei não sei nem quantas vezes, após cada contração, após ter meu estômago pressionado repetidamente. Eu não tinha vomitado ainda, antes de ir pro hospital. Vomitei deitada, quase morri engasgada com meu próprio vômito e ninguém sequer me ajudava a me limpar. Até meu pai e Daniel cederam às ordens autoritárias do obstetra e empurraram minha barriga. Segundo o anestesista, todos deveriam obedecer ao obstetra, pois ele era professor de todos. Eu sofria com a dor dos empurrões e da mão do obstetra dentro da minha vagina. Me senti estuprada. Diziam que era assim mesmo, e que se eu não me concentrasse ia matar meu bebê, que daquele jeito estava difícil, que eu não ia conseguir. Ouvi isso repetidamente durante as três horas e meia em que estive lá. Lembro que eu mantinha em mente sempre que eu não poderia apagar, então controlava a força até um pouco antes do meu limite, com medo de ficar inconsciente e do que poderia vir a me acontecer. Eu estava apavorada, e disposta a tudo para parir meu filho. Eu não iria pra faca, de modo algum eu me submeteria a uma cesárea, ainda com toda aquela oferta. Vi gente entrando e deixando bolsa pessoal na sala de parto, com celular tocando, vi gente entrando com walk-talking ligado. Eu reclamava que tinha muita gente e muito barulho, e que as pessoas não estavam me ajudando. A pediatra, Lívia, disse que aquele parto era uma loucura, que eu era louca, e que tinha que ter aquela equipe toda lá dentro, disse que eu não era ninguém para discutir a necessidade ou não de todas aquelas pessoas ali. Na verdade não entendo porque era tão necessário, pois estavam todos (à exceção do obstetra que me violentava com suas mãos carniceiras e o anestesista que insistia em empurrar minha barriga) apenas observando, gritando comigo, conversando entre si e fazendo da minha vagina aberta e exposta um souvenir de apreciação. Eu implorava, aos prantos, para o obstetra tirar as mãos de dentro de mim, pois ele estava me machucando, me invadindo, e ele repetidamente se negou a me atender, disse-me que se eu tivesse procurado um 
ginecologista eu não estaria ali atrapalhando a vida dele, disse-me que não estava ali para 
prestar serviço algum para mim, e que minha vida pouco lhe importava, ele só se importava 
com o bebê. Quando o bebê nasceu eu percebi que na verdade nem com ele o cara estava preocupado. Ele queria, assim como toda aquela equipe estúpida, que aquilo acabasse logo. Eu chorava, olhava pro meu pai e pedia ajuda, dizia que estava foda pra mim, e ele então pedia ao médico que calasse a boca, pedia a tal da Lívia que se calasse também. Eu disse que não queria que cortassem o cordão umbilical do meu filho, e o obstetra perguntou com base em quê eu dizia aquilo. Respondi que tudo que eu queria estava no meu plano de parto, que estava lá, que ele deveria ver, e que eu dizia aquilo com base na minha autonomia e no meu direito de escolha. Ele respondeu sagazmente que não aceitava plano de parto, e que nunca tinha ouvido falar naquelas coisas não, que lá aquilo não existia. A pediatra Lívia então começou a gritar comigo dizendo que tinha que examinar o bebê, medir, pesar, fazer testes, levar pro berçário, e eu disse que não deixava, ela me gritando e chamando de louca disse que eu não tinha autoridade pra decidir nada sobre o meu filho, eu respondi que o filho era meu e que ninguém o tiraria de mim. Tudo isso entre uma contração e outra. Às vezes a contração passava 
enquanto eu tentava me defender de toda aquela escoriação moral. Pedi então ao meu pai para que me ajudasse pois eu precisava me focar no trabalho de parto, meu filho estava prestes a nascer. Ele pediu a ela que colaborasse, que não tinha pra que discutir aquelas coisas comigo naquele momento. Ela respondeu que não se calaria, que tinha que falar e que eu tinha que ouvir mesmo. É incrível como eu me impressiono quando lembro do horror que vivi naquela sala. Lembro que quando o doutor fez o toque eu estava com 8 cm de dilatação, ainda não tinha começado o expulsivo. Pouquíssimo tempo depois minha tortura começara, e desde a primeira contração o médico dizia: na próxima ele sai, faça força que ele vai sair, ô Márcio, empurra aí a barriga dela. Dizia: olhe, eu sou muito bom em fórceps, pena que meu equipamento não está aqui. Eu reclamava que ele estava me machucando, que tava doendo, e ele dizia: se você quisesse um parto sem dor faria uma cesárea, quer? Você não quer uma cesárea, ta vendo? Ta reclamando de que? Eu reclamava da luz, do barulho e ele respondia: eu já fiz parto humanizado, com baixa luminosidade, poucas pessoas na sala, mas aqui eu não tenho tempo pra isso não. Foi um horror ouvir aquilo, até eu queria que acabasse logo, mas eu não ia pra faca, e eu não ia ter meu corpo condicionado a uma ocitocina sintética. Eu estava 
disposta a parir meu bebê, a qualquer custo, ainda que me estivesse custando a integridade moral e física. No finalzinho do processo a bolsa rompeu. O médico ouviu o coração do bebê, estava 130 bpm. O líquido estava límpido. Mas eu ouvia que o bebê estava em sofrimento. Imagino que presenciando toda aquela tortura, todo aquele tratamento desumano e degradante, meu bebê realmente estivesse sofrendo, mas em sofrimento fetal ele não estavaEu sabia que estava tudo bem com ele. Eis que então o líquido começou a se apresentar meconioso, mas de toda forma, para que se comprovasse o sofrimento fetal ele deveria ao menos ouvir novamente o coração do bebê, mas quando indagado sobre tal, o obstetra respondeu que não iria mais ouvir, já tinha ouvido uma vez (antes da rutura da bolsa). Quando o líquido mudou de cor toda a pressão psicológica se intensificou. E então, coagida a aceitar, sob pena de “matar meu bebê”, cedi a uma episiotomia, que segundo o médico seria só um 
cortezinho pequenininho. Meu pai disse que ele cortou com a tesoura e terminou de rasgar 
com a mão. Há uns dois dias tive coragem de me ver, e descobri uma episiotomia que me rasgou até o anus, e que me dói para sentar, para andar, dói muito na hora de ir no banheiro, mas a dor maior que eu sinto é na alma. Nem sei se um dia vou ter coragem de abrir as pernas de novo. 

Meu bebê então nasceu, veio para o meu colo, todo lindo, roxinho, cheio de mecônio, respirando bem e chorando bravamente!!!! Viva! Eu havia conseguido!!! Eu e ele havíamos conseguido! Nosso pesadelo acabaria! Enquanto eu tentava dizer a todo mundo que ele tava bem, tava respirando, tava chorando, e que precisava ficar comigo. Disseram o obstetra e a pediatra que tinham de cortar o cordão senão o sangue voltaria e o bebê perderia sangue. Meu pai então recebeu das mãos do obstetra uma tesoura e cortou o cordão. Enquanto isso a pediatra Lívia estribuchava querendo arrancá-lo de mim, pois precisava examiná-lo, ver o que era aquela bossa na cabeça dele (por certo ela não sabe nada de parto normal, de bebês que de fato nascem, em vez de serem arrancados de suas mãos pela barriga, por certo ela não sabe que bossa é comum e não é problema algum, por certo ela também não sabe que não precisa aspirar o bebê, mesmo com presença de mecônio, desde que o bebê esteja respirando bem, e mais certo ainda que ela não sabe do meu direito de decidir sobre isso). Mas ninguém me ouviu. Sob tal terror dessa médica inescrupulosa, meu pai me olhou e disse: "Entregue o bebê senão eu vou embora". Daniel, com cara de apavorado, corroborou a fala do meu pai. Nessa hora tive medo de ficar sozinha e ser por fim trucidada e aniquilada, e aos prantos entreguei meu bebê para que fosse examinado na sala de parto. Pegaram ele que nem uma trouxa de 
panos e o aspiraram. De nada adiantou o pacto com meu pai, pois ele ainda assim se foi. Saiu 
para buscar um pote para a placenta. Nessa hora olhei e vi o obstetra puxando minha placenta, o anestesista preparando uma injeção anti-hemorrágica e uma pessoa de bata azul cinicamente levando meu bebê para o berçário enquanto eu gritava para ele não ir. Desde o primeiro momento eu havia confiado a Daniel a tarefa de não deixar levá-lo, mas ele também cedeu. Essa talvez seja a parte que mais me dói. Quando minha placenta saiu eu gritei: "A placenta é minha!". O médico ia jogá-la no lixo. Ele ainda ironizou querendo me apresentar à minha placenta, mas nessa hora eu só pensava em ir buscar meu filho. Pedi panos limpos, e me negaram. Pedi uma escada para descer da mesa. Negaram-me. O anestesista olhou pra mim e disse: "Mas você não pode andar, não sente suas pernas". Bati com força na minha panturrilha, dei vários tapas, com força, queria sentir o sangue circular, bati nas pernas dizendo que podia sim andar, e que se não me dessem uma escada eu ia pular dali, sangrando como estava, jorrando sangue. 

Eu era um animal ferido, mutilado, ensanguentado, que teve sua cria tomada. Eu estava transtornada. Queria sair dali e me recolher, eu precisava me proteger, eu iria morrer sangrando ali, ninguém me daria meu filho para que ele pudesse mamar e estancar a hemorragia. Tentaram me impedir de sair da sala de parto, pois eu estava nua. Foi então que me deram meus trapos sujos de sangue, vesti ali no corredor mesmo, e fiquei gritando na frente do berçário, de portas trancadas, gritando que queria meu filho comigo. Foi o ápice do espetáculo. Um ser abatido, lutando para ter sua cria de volta, e uma plateia imensa e inerte assistindo, me dizendo para tomar banho, me limpar, e então eu poderia ver meu filho, pois eu estava desequilibrada e ele não era propriedade minha. Eu não vou nem mencionar o quanto eu queria exterminar cada uma daquelas pessoas que se interpunham entre mim e meu filho, mas eu estava muito fraca, perdendo muito sangue. 
Foi então que meu pai, que havia saído, voltou e me ouviu gritando, desesperada. Quando ele chegou à porta do berçário gritou dizendo que queria o bebê, e como resposta teve apenas o desdém de todos. Foi preciso ele ameaçar arrombar a porta para que resolvessem sensatamente entregar meu filho (a ele). Finalmente pude ter meu filho nos braços. 
O que me foi arrancado jamais terei de volta. 
Foi o dia mais pavoroso da minha vida. 
Espero um dia poder fechar os olhos para dormir em paz, sem que os ecos dessa tortura me atormentem. 
[...] 
Não consigo mais remoer os fatos, escrever esse relato me trouxe à exaustão".

Fonte:  http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2014/07/nao-ela-nao-e-uma-comedora-de-placenta.html

Conheça o rio Citarum, na Indonésia, considerado o rio mais poluído e tóxico do mundo.

A 40 km a leste de Jacarta, Indonésia, há um rio com mais de 300 quilômetros de extensão. 

Por milhares de anos, o rio Citarum foi um recurso importante para o povo indonésio. Hoje, ele continua sustentando a pesca, agricultura, geração de energia elétrica e saneamento básico para quase 30 milhões de habitantes.
Quando a Indonésia vivenciou uma explosão de desenvolvimento, pouca atenção foi dada para os principais componentes da infra-estrutura. O tratamento adequado para a eliminação de resíduos foi amplamente negligenciado. Como resultado, os fabricantes e os moradores abusaram do rio, deixando o Citarum como um dos cursos de água mais poluídos do mundo
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O rio Citarum tem uma relação com a humanidade que data do século IV d.C, quando o reino Tarumanagara se desenvolveu em suas margens. Os primeiros moradores contaram com a água para tudo, desde o banho à eliminação de resíduos. Durante séculos, as populações menores e a falta de indústria pesada influenciou para a falta de ameaça ecológica do rio.
A partir do século 20, o rio tornou-se um perigo significativo para a saúde. A alta no preço do combustível na década de 1970 obrigou as empresas a cortarem gastos. Identificar um trabalho mais barato foi a solução para as empresas melhorarem suas demonstrações de lucros. Uma opção era Java, uma das ilhas mais populosas do mundo, e uma região desesperadamente assolada pela pobreza. O recurso mais abundante da ilha era a mão de obra, o que era excesso de oferta e reduzia os custos. Isso atraiu a indústria para a Indonésia.

A geografia da ilha fez com que o rio Citarum se tornasse uma escolha fácil para as empresas com considerações de exportação. Infelizmente, ele também era um veículo conveniente para a eliminação de resíduos e o súbito enriquecimento da região fez com que não se ressaltasse essa preservação das águas do rio.
O crescimento descontrolado da indústria tem abusado cada vez mais do rio Citarum. A qualidade da água se deteriora significativamente no exterior das fábricas, onde tubos de evacuação expelem uma mistura tóxica criando uma imagem assustadora e revoltante do rio.
Em outros lugares, massas de lixo flutuantes criam uma camada grossa de lixo sobre a superfície. Dejetos humanos se acumulam em piscinas insalubres ao longo da costa, disseminando doenças. Em alguns casos, os resíduos escondem completamente a água do rio. Se não fosse um barco navegando por meio do lixo, seria difícil encontrar a água embaixo.
O povo indonésio são geralmente conscientes do perigo da água, mas muitos não têm a educação formal para entender as consequências a longo prazo. Aqueles que estão conscientes e dispostos a tomarem medidas corretivas não têm recursos para fazê-lo.
Ironicamente, os resíduos do rio também fornecem benefício para a comunidade: empresas de reciclagem percorrem o rio recolhendo o plástico e transformando em outros meios de rentabilidade.
No entanto, o impacto econômico negativo é muito maior. Fazendas ao longo do rio não têm escolha a não ser usar os fluxos contaminados como fonte de água para as culturas. Os grãos de arroz não crescem como deveriam no tempo da colheita e ainda possui uma desvalorização da agricultura dessa área por conta do rio.

Para isso, em 2008, o Banco Asiático de Desenvolvimento entrou em ação. O grupo anunciou um empréstimo de R$ 130 milhões para serem distribuídos ao longo dos próximos 15 anos com o intuito de limpar o rio. Além de limpar o Citarum, os fundos ajudariam a reeducar as comunidades locais sobre o cuidado adequado para a fonte de água preciosa. O banco espera inverter a tendência negativa ambiental, abordando tudo de poluição e saneamento para a população.
Graças aos esforços do banco e a cooperação do governo local, o estado do rio Citarum melhorou. 
O progresso tem sido lento, mas constante; há uma melhora visível, mas ainda há muito trabalho a ser feito. Os detritos já não persistem em grandes áreas, mas as fábricas ao longo das margens ainda expelem resíduos tóxicos. O rio continua a servir como um repositório de excrementos humanos para as áreas de Java onde faltam sistemas de esgotos modernos. Enquanto o objetivo não for alcançado, passos positivos recentes dão a esperança de uma solução no futuro.

Retirado de http://www.jornalciencia.com/meio-ambiente/diversos/3837-conheca-o-rio-citarum-na-indonesia-considerado-o-rio-mais-poluido-e-toxico-do-mundo

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Você pode até comer carne, mas não é carnívoro.

Saiba que o homem neandertal adorava folha, churrasco mata e o vegetariano está longe de ser o fracote da estória.

Todos nós já ouvimos a máxima Você é o que você come. Frase bioquimicamente correta, afinal quando comemos, ingerimos moléculas provenientes do ambiente com alta capacidade de modificação/influência no nosso corpo. Moléculas construtoras ou carcinogênicas (que induzem câncer) são ingeridas todos os dias em nossa dieta. E assim, do que comemos nossas células conseguem construir suas membranas, organelas ou mesmo obter energia e prosseguir com suas funções específicas. Portanto, a sua dieta fará parte das suas células. E sim, você é o que você come. Agora prossigamos.
Estudos de correlação devem ser interpretados com cautela. Entretanto há na literatura científica várias sugestões ou revisões bibliográficas indicando a importância na escolha do que se come para a boa saúde do corpo. Este trabalho sugere um estudo inicial que constituintes específicos da dieta poderiam proteger o cérebro da doença Alzheimer. Este outro sugere uma correlação positiva entre o consumo de derivados animais (carne, ovos e bacon) com câncer de boca e orofaríngeo. Tal correlação não foi observada para o leite, que pareceu ter efeito protetor.
Para aqueles que comem carne com a justificativa de que “se come carne desde que nossos ancestrais viviam em cavernas” aqui vai uma atualização científica. Cuidado ao evocar o estilo neandertal como um estilo de vida saudável e carnívoro. Os neandertais ingeriam folhas e um churrasco contém carcinogênicos suficientes para matar de câncer três gerações. A dieta neandertal não era como se pensa, exclusiva em carne. O homem neandertal não era carnívoro, e há evidencias consistentes da contribuição de vegetais na sua dieta (veja o trabalho aqui). Contudo, para mim o mais interessante foi o uso de biomarcadores fecais num sítio paleontológico que aparecem nas fezes após ingestão de carne ou de vegetais. Pois bem, o neandertal comia folhas. Já para os adoradores de churrasco, a carne cozida a temperaturas altas contém duas famílias de agentes carcinogênicos: aminas heterocíclicas e hidrocarbonos aromáticos policíclicos. A ingestão de carne cozida em churrasco aumenta o risco de carcinoma renal (tumor de origem epitelial no rim). Veja este trabalho aqui.
Evocar estilos de antepassados não significa sabedoria. Basta abrirmos os livros de estória. Maus exemplos choverão.
Um estudo feito em 1978 e publicado no The American Journal of Clinical Nutrition faz uma revisão à época e traça a correlação direta entre a dieta da mulher na indução ou prevenção do câncer de mama. Ratos expostos a carcinogênicos foram submetidos a dietas ricas em proteínas e tiveram aumento de 77% na incidência de tumores mamários espontâneos. A longo prazo, a ingestão de proteínas animais ainda está correlacionada à obesidade (veja aqui).
Há quem ache que uma dieta vegetariana é baixa em proteína. Além de não ser verdade, este estudo mostra que mulheres vegetarianas com bom consumo de proteínas vegetais tinha ossos mais fortes e com menor risco de fratura tanto quanto de mulheres com dieta com consumo de carne, o que sugere que níveis adequados de proteína podem ser atingidos com uma dieta vegetariana.
Em relação à glicemia e diabetes, a porcentagem de diabéticos vegetarianos é sempre menor em relação a diabéticos onívoros (independentemente de idade ou gênero) – Leia aqui o trabalho. Um estudo de associação entre prevenção de diabetes e dieta vegetariana revelou que vegetarianos ingerem mais carboidratos (açúcar), fibras, cálcio, magnésio, ferro, folato, vitamina A e ingerem menos gorduras saturadas, colesterol e vitamina B12. Contudo, ao não ingerirem carnes, os vegetarianos acabam por ter refeições mais ricas em soja, vegetais, grãos, laticínios e frutas, quando comparados aos onívoros. Os vegetarianos tendem a ter refeições mais diversificadas e mais saudáveis, mesmo sendo a diferença entre onívoros e vegetarianos, apenas o consumo de carne de animais.
Dietas ricas em frutas e com baixo consumo de carne são sugeridas para a prevenção de outro tipos de câncer como adenomas colorretais.
O embate entre onívoros e vegetarianos não é de hoje. Opiniões? Muitas. Porém leitura científica e argumentos baseados em resultados válidos ainda são expectativas. Ser vegetariano ou onívoro, na maioria das vezes é escolha. E deve ser respeitada. Atacar alguém pela escolha de sua dieta é portar-se como alguém que enaltece sua opinião em detrimento da ciência. A ciência merece apreciação e debate. A opinião,  não.

Retirado de http://praciencia.com/2014/07/08/voce-pode-ate-comer-carne-mas-nao-e-carnivoro-saiba-que-o-homem-neandertal-adorava-folha-churrasco-mata-e-o-vegetariano-esta-longe-de-ser-o-fracote-da-estoria/

Secas e Enchentes

Aquecimento global afeta padrões de chuvas pelo planeta 
Regiões podem sofrer com estiagens mais longas e destrutivas

O aquecimento global é uma realidade que já afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Um das principais efeitos do fenônemo é a alteração nos padrões de precipitação; ou seja, enquanto algumas regiões sofrerão com chuvas mais intensas, outras serão atingidas por secas mais longas e mais destrutivas. No Brasil, explica o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e um dos quatro brasileiros membros do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), as alterações no regime de chuvas vão atingir principalmente a regiões Amazônica e o sul do país.
 
– Nós vamos observar, e já estamos observando, efeitos importantes na alteração no padrão de precipitação no globo como um todo, inclusive no Brasil. Alguns lugares onde hoje chove pouco, terão mais chuvas, como no caso do sul do Brasil, onde a previsão é de aumento da precipitação. Já no caso do nordeste da Amazônia, a previsão é de redução da taxa de precipitação.
 
Artaxo prevê uma alteração inclusive no perfil da Região Amazônica. Além das secas – em 2005, a Amazônia enfrentou uma das piores estiagens da história, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – possíveis mudanças no regime de chuvas podem provocar perdas na biodiversidade, com o desaparecimento de algumas espécies e a reorganização de todo o ecossistema da floresta. Dessa forma, a Amazônia deixaria de ser uma floresta chuvosa e caminharia lentamente para tornar-se um cerrado.
 
Uma pesquisa da organização não-governamental WWF indica que o aumento de temperatura na região Amazônica aliado à redução do regime de chuvas pode comprometer a umidade na região e transformar em cerrado de 30 a 60% da floresta. A previsão é que até 2050 a temperatura na Amazônia aumente entre 2ºC e 3ºC. Para o Nordeste, a previsão também não é das melhores. Um estudo encomendado pelo Greenpeace alerta que a região semi-árida brasileira pode se transformar em deserto até o final do século 21. 
 
Em um efeito cascata, um panorama cada vez mais extremo de secas e enchentes afetará diversos ramos da atividade humana: a agricultura será prejudicada em função do novo perfil climático e de impactos na fertilidade dos solos, doenças infecciosas como dengue e malária poderão se alastrar com mais facilidade e será preciso planejar melhor as cidades litorâneas, cada vez mais passíveis de inundações e furacões (inclusive em lugares como o Brasil). Além disso, a força destrutiva dos eventos naturais ligados à água só cresce nos últimos anos: de acordo com o Inpe, entre 1992 e 2001, as perdas com desastres hidrometeorológicos foram estimadas em US$ 446 bilhões, o que representou 65% das perdas totais das atividades produtivas.
 
Outro fenômeno que assusta ambientalistas e autoridades é o processo de desertificação, definido como a perda da capacidade produtiva de ecossistemas causada pela atividade humana. O semi-árido nordestino e o sudoeste gaúcho são exemplos brasileiros de desertificação. A preocupação com o tema é tanta que a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou 2006 como o Ano Internacional do Combate à Desertificação.

Escassez de Água

Escassez é principal desafio da humanidade no século para Unesco 
Falta de água pode atingir 45% da população em 2005, segundo ONU
A escassez de água pode atingir 45% da população da Terra em 2050, de acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU). A escassez já afeta cerca de 1,1 bilhão de pessoas e é, segundo a Unesco, o problema mais grave enfrentado pela humanidade no século 21.
 
De acordo com um estudo do Instituto Internacional de Gerenciamento de Água (IWMI, na sigla em inglês), a escassez para o consumo humano pode atingir áreas inclusive onde há abundância em função do uso exagerado do recurso para atividades como a agricultura. Atualmente, falta água em parte do Norte Africano, Oriente Médio, sudeste da Austrália, sudoeste dos Estados Unidos e norte do México. Partes do sudoeste asiático e do sul da África também estão muito próximas da escassez física de água. Enquanto isso, grande parte do continente africano sofre com um outro tipo de escassez, o econômico: há abudância de água, mas estas não são bem distrubuídas e não chegam às populações necessitadas.Mau uso pode causar desastres ambientais
 
Um exemplo de mau uso da água pode ser observado no Mar de Aral, no interior da Ásia, situado entre o Cazaquistão e o Uzbequistão. Em 50 anos, o mar perdeu mais da metade da superfície e vem secando progressivamente. Em 2000, o Aral foi dividido entre grande e pequeno mares. A estimativa é de que o grande mar seque totalmente por volta de 2025.
 
O desastre ambiental foi provocado pelas sucessivas drenagens da água feitas pelo governo da União Soviética para irrigar as culturas de algodão e arroz da região, uma das mais áridas do mundo. O interesse no crescimento da produção do algodão gerou não apenas a seca no Aral como debilitou todo o ambiente em volta dele. A pesca, antes uma fonte de riqueza para grande parte da população, tornou-se inviável com a salobridade e a poluição das águas. Muitos tiveram de deixar a região, e a população que restou sofre de doenças como bronquite, alergia, artrite, anemia e câncer.

Rios estão em perigo 
A escassez também pode atingir a maior fonte de abastecimento de água da Terra: os rios. De acordo com estudo divulgado pela organização não-governamental WWF, os 10 rios mais ameaçados do mundo são: os asiáticos Yangtze, Mekong, Salween, Ganges e Indus, o europeu Danúbio, o sul-americano Prata, o norte-americano Grande/Bravo, a bacia africana Nilo-Lago Vitória e a australiana Murray-Darling.
 
Os principais problemas enfrentados por esses rios estão relacionados ao mau uso das águas para agricultura e à construção de barragens e represas. Como conseqüência disso, a degradação das regiões ribeirinhas e o assoreamento do leito dos rios é um dos maiores causadores de inundações e enchentes.
 
É possível fabricar água potável?
 
A iminente escassez de água no mundo provoca um imediato questionamento: é possível produzir água artificialmente ou transformar a água do mar em água potável? Infelizmente ainda não foi descoberto nenhum processo artificial para a produção deste líqueido. Já a dessalinização é um processo caro que pode gerar bom resultados (a técnica já é aplicada em países como Kuwait e Israel), mas pode causar danos ao meio ambiente, uma vez que os resquícios salinos, se jogados no solo, poderiam prejudicar a agricultura e contaminar os aqüíferos.
 
Há duas formas de dessalinizar a água. A primeira é a destilação, em que se reproduz o processo que gera a chuva, através da evaporação e conseqüente condensação da água. A segunda, mais moderna e barata, é chamada de osmose reversa: a água é submetida a uma forte pressão e passa através de membranas que retêm o sal.

Planeta Água

Natureza garante água potável 

Poluição e contaminação de mananciais são problemas para abastecimento

Essencial a todas as formas de vida, a água cobre 75% da superfície do planeta Terra, encontrada principalmente nos oceanos, geleiras e coberturas permanentes de neve. Em contraste a esse volume extrordinário, a água doce representa apenas 2,5% do total do planeta, dos quais apenas 0,3% (ou 0,007% do total de água) está disponível para o consumo humano. Os outros 99,7% estão em forma de gelo ou água subterrânea em lençóis freáticos muito profundos.

Pode parecer pouco, mas a quantidade disponível é suficiente para o consumo humano em função do Ciclo Hidrológico, responsável pela renovação da água do planeta. O ciclo é um processo aparentemente simples: é a contínua transferência da água de um estado (líqüido, gasoso ou sólido) para outro.
 
Se a natureza garante a oferta de água, problemas muitas vezes provocados pelo homem prejudica o abastecimento: a principal questão em relação à disponibilidade de água hoje em dia está relacionada à poluição e à contaminação da água potável, já que o volume total de água na Terra mantém-se constante ao longo do tempo.
 
Mas e o que é água potável? 
A água potável é aquela que pode ser consumida por homens e animais sem risco de doenças e contaminações. No Brasil, a potabilidade da água é definida por padrões do Ministério da Saúde e da Vigilância Sanitária.
 
O Brasil detém parte considerável dos recursos hídricos do mundo. De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), a vazão média anual dos rios em território brasileiro é de aproximadamente 180 mil metros cúbicos por segundo. Isso equivale ao conteúdo total de 72 piscinas olímpicas (50 metros) fluindo a cada segundo. Esse valor representa cerca de 12% da quantidade de água doce superficial que é produzida no mundo e 53% da produzida na América Latina. Dentro do território brasileiro, 74% da água disponível para uso está na Região Hidrográfica Amazônica, que, em contraste, abriga apenas 5% da população do país.
 
Em termos de consumo, 47% da água extraída dos rios brasileiros é utilizada para irrigação. O consumo humano urbano (27%) e o uso industrial (18%) aparecem em seguida. No total, são consumidos no Brasil 840 mil litros de água por segundo – 69% destinados à agricultura, 11% ao uso urbano, 11% ao uso com animais, 7% ao consumo industrial e 2% ao consumo rural.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Cientistas criaram um queijo feito com bactérias humanas das axilas e dos pés ...



Que tal saborear um queijo feito à base de bactérias retiradas dos pés e axilas?
Quantos de vocês teriam “estômago” para isso? Certamente poucos...
Há muito tempo as pessoas assemelham o mau cheiro que os pés sem higiene exalam com o odor de um pedaço de queijo. Foi a partir desta incômoda semelhança que os cientistas resolveram criar um queijo que refletisse exatamente o “sabor” que os seres humanos possuem.
Para isso, especialistas utilizaram bactérias do pé humano, do umbigo, da axila, e de lágrimas, todas extraídos por meio de cotonetes estéreis. A cientista Christina Agapakis, e a especialista em odor Sissel Tolaas, reuniram esses micróbios para o projeto chamado “Selfmade”, que foi estreado recentemente em uma exposição sobre a biologia sintética, em Dublin.
Assim como o corpo humano, cada queijo tem um conjunto exclusivo de micróbios que metabolicamente moldam uma espécie de odor particular.
Foram criados onze queijos para a exposição, e cada um foi fabricado a partir de fermentos provenientes da pele de artistas, cientistas, antropólogos e fabricantes de queijo.

 

Agapakis declarou: “Ao fazer o queijo diretamente das bactérias do corpo queremos destacar essas conexões bacterianas, bem como questionar e potencialmente expandir o papel dos odores e dos micróbios existentes em nossas vidas”.

Foi elaborado também um curta-metragem que explica o processo de fabricação dos queijos a base de bactérias humanas, além de expor entrevistas com as pessoas que voluntariamente doaram amostras de bactérias para a pesquisa.
Uma última e importante ressalva dos pesquisadores é que, na realidade, o queijo não foi desenvolvido para ser comido, e sim para “inspirar novos diálogos sobre a nossa relação com o corpo e essas bactérias”. 

 http://www.youtube.com/watch?v=kCuXqdSDg0U&feature=player_embedded

Retirado de http://www.jornalciencia.com/tecnologia/biotecnologia/3228-cientistas-criaram-um-queijo-feito-com-bacterias-humanas-das-axilas-e-dos-pes
 Fonte: DailyMail Foto: Reprodução / DailyMail

Sistema Tegumentar

  O sistema tegumentar é composto por pele e anexos (pelos, unhas, glândulas sudoríparas, sebáceas e mamárias). A pele é formada por epiderm...